segunda-feira, 18 de maio de 2009

O Simples Sofisticado!




Hoje gostaria de compartilhar com vocês o resultado de uma experiência com uma sobremesa aonde procurei trabalhar o sabor, textura e aroma num único prato. Além desse objetivo, a idéia foi a de empregar a utilização de um ingrediente base comum e de fácil acesso, e agregar elementos mais sofisticados para que o resultado fosse mais rico, mais criativo e chamasse atenção ao paladar.

O ingrediente base escolhido foi o Abacate, pouco lembrado no dia-a-dia, inclusive pouco empregado em geral nos restaurantes, mas que foi alvo recente de uma matéria de capa do suplemento Paladar – Jornal o Estado de São Paulo e também foco de uma das matérias de destaque da revista Gula. Os ingredientes secundários escolhidos, mas nem por isso menos importantes, foram o manjericão e o pistache.

O abacate, como vocês já devem saber, é degustado no Brasil de modo a causar arrepios e estranheza a nossos irmãos de língua espanhola. Para eles, o abacate é prato principal ou acompanhamento de refeições salgadas, como as salsas e a guacamole, temos sopas com abacate, acompanhamento de carnes, etc. Já para nós faz parte das doçuras e simplicidade da infância, não é? Aquele abacate amassadinho na ponta do garfo ou batido no liquidificador somente com açúcar, açúcar e limão ou na forma de um creme ou vitamina com leite.

Particularmente, tenho algumas lembranças em que minha mãe fazia um sorvete de abacate caseiro naquelas formas de gelo de alumínio (e isso muito raramente) e que para mim era algo inusitado, afinal, não havia picolé de sorvete de abacate pelas ruas! Daí o insight e a então a idéia de resgatar esse momento gelado e saboroso, só que agora, como sobremesa a ser apreciada por adultos.

Bem, vamos então à receita. Trata-se de um semifredo de abacate e manjericão, com pedacinhos de “cookie de pistache”. Antes, porém deixo aqui para vocês as minhas percepções quanto a degustação, para que vocês comparem e verifiquem as suas próprias: ao degustar, percebe-se primeiramente o aromático do manjericão, imediatamente com o derreter da massa na boca, percebe-se o sabor e o doce do abacate, e finalmente, saboreia-se o cookie, finalizando com o sabor do pistache. Em paralelo temos a sensação gelada e macia do sorvete, inclusive porque a gordura natural do abacate auxilia na consistência que é quebrada pela crocância dos cookies.



Semifredo de Abacate e Manjericão com Cookies de Pistache


Ingredientes para o semifredo

450 g de abacate
25 folhas pequenas de manjericão
500 ml de creme-de-leite fresco
100 g de açúcar
75% a 100% da receita de cookies de pistache


Modo de preparo semifredo

Bate no liquidificador o abacate com as folhas de manjericão e reserve. Em seguida bata o creme-de-leite com o açúcar e incorpore aos poucos e manualmente com o abacate e com os cookies. Coloque numa forma redonda desmontável e com papel manteiga, levando ao freezer por pelo menos 6 horas. Desenforme e sirva em fatias.


Ingredientes Cookies (pâte sablée de pistache moído)

90 g de açúcar de confeiteiro
150g de manteiga “pommade”
40 g de pistache moído
1 ovo grande
250g de farinha de trigo
1 pitada de sal


Modo de preparo do pâte sablée de pistache

Misture a manteiga com o sal, açúcar e o pistache moído. Acrescente em seguida a farinha de trigo e o ovo, misturando até formar a massa. Embrulhe com filme e leve à geladeira por pelos menos 1 hora. Abra em tampo levemente enfarinhado, corte com copos ou aros de corte, asse no forno médio. Deixe esfriar e quebre-os manualmente em pedaços pequenos.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

É daqui, da terrinha. É tudo de bom!




Pois é meus amigos, bom mesmo é a casa da gente não concordam? Quem não gosta de conhecer o que existe por aí, viajar a outros países desse mundo? Até eu gosto! Mas nada como estar em casa...

Quando começa a se interessar pela gastronomia, o gourmand e gourmet sempre correm para a cozinha francesa e italiana na busca de conhecer e compreender as técnicas e os ingredientes da alta cozinha. Isto é ótimo!

A Europa é o antigo continente e, portanto, a pioneira em diversas áreas e dentre elas a gastronomia. Lá nos primeiros séculos o povo mediterrâneo, cuja alimentação era baseada em grãos, azeites e vinho, entrou em contato com os nórdicos que eram tachados de bárbaros (além de outros motivos não pitorescos para serem aqui comentados) pelo povo mais ao sul por terem sua dieta baseada quase que totalmente nas carnes e na cerveja (na verdade o ancestral dela). Imaginem a estranheza e depois as descobertas maravilhosas que os primeiros aventureiros obtiveram na mistura destes ingredientes e costumes.

Devemos muito a essa gente em termos de alimentação. Mas, vamos lá. Se esquecermos um pouco o pato ao vinho, a codorniz recheada com foie grais e manteiga de zimbro, os risotos e outros clássicos que dão e sempre darão água na boca, nada melhor do que a comida e os ingredientes aqui da gente.

Ingredientes guerreiros se não heróicos existem por aqui há muito tempo. Desde o começo de nossa colonização temos aí a mandioca (chamada de a rainha do Brasil), o milho, a cana-de-açúcar, entre os mais populares e uma infinidade de iguarias sensacionais. Um exemplo disso é a cana-de-açúcar, que além do açúcar e da cachaça, produz a tão simples e popular rapadura. Para quem não sabe, a rapadura é um alimento muito nutritivo, embora vista como uma simples guloseima doce.

A produção de rapadura também tem ancestralidade e pedigree. A qualidade da cana, a região e considições climáticas têm uma influencia muito grande na qualidade e sabor do produto final. E este então não é um privilégio somente dos grandes vinhedos. Existem as de primeiro cozimento, de segundo, aonde são adicionadas as rapas da primeira e por aí vai.

Tive a oportunidade esta semana de degustar uma rapadura de excelente qualidade de fabricação, ótima textura, cor e sabor. Ela é fabricada lá no Sítio Boa Vista - Santa Cruz da Baixa Verde em Pernambuco, aliás, aonde a questão da cana se iniciou no Brasil. Será que é o caso de quem fez a primeira faz a melhor? Olha que se não for o caso, bem que poderia ser!

Como teste de degustação, elaborei um Sorbet de Rapadura que ficou sensacional. Uma ótima e diferente opção de sobremesa para os menus nacionais. Nesta oportunidade, adicionei um pouco de suco de limão siciliano o que contribuiu com o leve perfume e uma acidez suave que conferiram ao prato um sabor diferenciado com um fio de azeite de tangerina.


Para aqueles que tiverem interesse em apreciar este produto de qualidade, entrem em contato com a Casa Gomes Belo de Doces na Rua Capitão Salomão, no centro de São Paulo, telefone: 3326-8977 e peçam para falar com o Alexandro Gomes. Além do excelente atendimento, vocês podem ter a oportunidade de ter uma aula sobre a rapadura.